*GABRIEL NOVIS NEVES
Recente pesquisa nacional nos informa que noventa e sete por
cento dos brasileiros acreditam em Deus.
O assunto religião e fé ficam mais expostos no período
eleitoral. Todos os candidatos a cargos eletivos fazem verdadeiras
peregrinações pelas igrejas e templos: judaicas, cristãs, africanas,
muçulmanas, budistas, islâmicas ou outras de manifestações de cultura
religiosa.
Não percebem o ridículo que propiciam aos observadores do
comportamento humano. Candidatos hipócritas chegam a manifestar aos mais
íntimos que vão a esses santuários sagrados apenas na esperança de conseguir
uns votinhos.
É deprimente ver ateus e agnósticos tentarem enganar a si
mesmos e aos fiéis. Demonstram com essa estúpida atitude que não sabem que o
papel do Estado é garantir a plena liberdade de culto.
Tentar impor as regras da sua crença religiosa a todos é uma
atitude tão fundamentalista quanto a dos estados islâmicos.
Se um candidato é católico, evangélico, e fala ao seu
público, tudo bem. O insuportável é explorar a religião no período eleitoral.
Que religiosos defendam seus princípios é aceitável.
Incomoda é quando a manifestação é unilateral.
A subjetividade do outro não é uma doença.
As pessoas têm o direito de combater as coisas mais
estúpidas, mas, não impô-las. É a chamada intolerância dos intolerantes.
É delicado decidir até onde vai a liberdade de expressão!
Acreditar na Bíblia não é fundamentalismo, e poucos que a
leem não acreditam nela, embora afirmem o contrário. A poesia tem uma linguagem
simbólica, e a religião também a usa.
Os conceitos foram criados e podem ou não serem seguidos,
pois fé não se discute, respeita-se.
Nossos políticos têm dificuldade de falar com o povo sobre a
sua opção religiosa temendo perder votos. Isso é uma bobagem comparando com o
oportunismo eleitoral de declarar o que não é nem nunca foi.
No Brasil existem, declarados, cerca de dois milhões de
ateus. Para eles Deus não existe. Esse grupo se assemelha muito aos
fundamentalistas.
O cristianismo influenciou muito a nossa formação. E a
maioria do povo brasileiro é cristã.
O agnóstico não crê em nada, mas é tolerante com outras
crenças.
O mundo é dependente da religião. Sejamos prudentes com a
razão, que é civilizatória.
No mundo falta tolerância entre as religiões, criando a
estupidez silenciosa, que é perigosa. Devemos sempre trabalhar para alargar a
tolerância.
As religiões, em geral, têm ideia sobre a vida íntima das
pessoas e o Estado não deve se meter nesses assuntos.
Pode haver uma forma de alguém cultivar uma religião e ser
mais generoso.
Existem inclusive uns poucos, muito poucos, que apesar de
não comungarem de qualquer tipo de religião, são portadores do que é mais
importante, uma profunda religiosidade. São pessoas cujo maior lema é respeitar
o outro e suas crenças e diferenças de qualquer ordem.
Todas as religiões têm um efeito formador na nossa sociedade
por pregarem valores justos.
Disciplinam muito a vida, porém há pilantras entre elas,
assim como eles existem em todos os setores da humanidade.
*GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da UFMT
Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=460528
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