Bento XVI concluiu hoje, 27 de outubro de 2011, o encontro inter-religioso que convocou para Assis
(centro da Itália), afirmando que a “dimensão espiritual” é um “elemento
chave para a construção da paz”.
O Papa falava diante de 300 representantes religiosos e acadêmicos,
procedentes de 50 países, reunidos numa jornada de oração e reflexão pela paz
e a justiça no mundo que assinalou o 25.º aniversário da primeira iniciativa
do gênero, promovida por João Paulo II.
“O evento de hoje mostra como a dimensão espiritual é um elemento chave
para a construção da paz. Através desta peregrinação única, fomos capazes de
nos comprometermos num diálogo fraterno, aprofundar a nossa amizade e
aproximarmo-nos em silêncio e na oração”, disse o papa, em inglês, na Praça
de São Francisco.
Líderes cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, budistas, representantes de
religiões africanas e asiáticas, bem como um grupo de agnósticos, renovaram
neste encontro um ‘solene compromisso comum pela paz’.
“Vamos continuar a reunir-nos, vamos continuar a estar juntos nesta
jornada, em diálogo, na construção diária da paz e no nosso compromisso por
um mundo melhor, um mundo no qual cada homem e mulher, cada povo, possam
viver de acordo com as suas legítimas aspirações”, declarou o Papa.
O cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o
Diálogo Inter-religioso, organismo da Santa Sé, afirmou que “a esperança pode
prevalecer sobre o medo” e que ninguém se pode “resignar” diante das guerras.
Em seguida, 12 líderes religiosos e um representante dos agnósticos,
participantes nesta jornada, assumiram o empenho de “trabalhar no grande
canteiro da paz”.
O compromisso comum manifesta a “convicção de que a violência e o
terrorismo se opõem ao autêntico espírito religioso”, condenando “qualquer
recurso à violência e à guerra em nome de Deus ou da religião”.
A convivência “pacífica e solidária”, a promoção de uma “cultura do
diálogo” e o respeito pelas convicções de “crentes e não crentes” foram
outras metas apontadas em Assis, antes de um momento de oração comum, em
silêncio.
“Após renovarmos o nosso compromisso pela paz e termos trocado uns com os
outros um sinal de paz, sentimo-nos ainda mais profundamente envolvidos,
juntamente com todos os homens e mulheres das comunidades que representamos,
na nossa jornada humana comum”, disse Bento XVI.
O Papa explicou o gesto escolhido para a conclusão do evento, a entrega de
uma lamparina aos participantes, símbolo do desejo de serem “portadores, em
todo o mundo, da luz da paz”.
Para além das lamparinas, foram largadas pombas brancas, algumas das quais
acabaram por ir parar no meio da assembleia.
No final deste encontro, Bento XVI quis agradecer a todos que o “tornaram
possível”, bem como os jovens que cumpriram, a pé, uma peregrinação para
“testemunharem como, entre as novas gerações, são muitos os que se empenham
para superar violências e divisões”.
Esta manhã, o Papa tinha pedido um empenho conjunto "na luta pela
paz", perante “novas e assustadoras fisionomias” de violência como o
terrorismo, apelando ao fim do “recurso à violência por motivos religiosos”.
Bento XVI afirmou ainda que a “ausência de Deus” provocou “crueldade e uma
violência sem medida” na história recente da humanidade, criticando os
“inimigos da religião”.
A celebração concluiu-se diante do túmulo de São Francisco de Assis, santo
católico dos séculos XII-XIII que inspirou iniciativas de diálogo
inter-religioso.
Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=87921
OC |
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